domingo, 30 de setembro de 2012

Objetividade Jornalística IV - Considerações finais

Este é o último posto dessa sequência sobre objetividade jornalística.

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O jornalismo é uma convenção da realidade e não construção. Não estudamos para escrever o que nos vem à cabeça, mas sim para podermos saber como transmitir os fatos para os leitores. Nós temos uma função social tão importante quanto qualquer outra profissão. Se não fossem os jornalistas não saberíamos o que acontece do outro lado do mundo, ou na cidade do lado.
Como já foi dito, talvez o texto jornalístico seja uma interpretação do fato só pela maneira em que foi escolhida a hierarquização, mas o papel do jornalista é, como disse Bourdieu, realmente colocar óculos para que possa ver de uma maneira que as pessoas normalmente não veêm e então transmitir para elas.
Os jornalistas tem a função de enquadrar a notícia. Sem eles não saberíamos por onde começar a ver o mundo.


Objetividade Jornalística III - Blogs

O mundo de hoje é digital, não há dúvidas.
Mas quando falamos de jornalismo, será que os Blogs podem ser nossos meios de encontrar as notícias?

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Um jornal adquire a sua credibilidade com o tempo, assim como um jornalista. Hoje em dia qualquer um pode colocar o que pensa em um blog, como este aqui. Mas existem jornalistas que usam esse meio para dar sua opinião, que, se tiverem credibilidade, será levada em conta quando o leitor for pensar sobre o assunto. Alguns até usam a ferramenta para dar notícias em vez de escrever para um jornal.
Um dos blogs mais acessados e que tem essa característica é o Blog do Noblat. O jornalista escreve dando sua opinião sobre o assunto mas também consegue dar a notícia de modo que quem leia possa não concordar com o que disse e formule sua própria opinião.
Os blogs também servem para dar dicas aos leitores. Na maioria dos sites de grandes jornais pode-se encontrar blogs sobre tecnologia, cultura, economia, política e muito mais. Assim as pessoas podem além de ter a notícia, ler a opinião relevante de jornalistas com credibilidade para falar sobre o assunto.(G1/Folha/Estadão)

sábado, 29 de setembro de 2012

Objetividade Jornalística II

No outro post falei sobre a interpretação do jornalista nas matérias. Neste, pretendo falar sobre a outra pergunta: existe objetividade jornalística mesmo quando a burocracia dos jornais está envolvida?

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Um jornal não é composto somente de editores e jornalistas. Existe o "Jornal empresa", ou seja, a parte burocrática, a parte administrativa do jornal. E todos respondem à ela.
Acontece que o jornal, por ser subordinado à interesses de um grupo administrativo, às vezes não tem como publicar certos fatos. Ou acaba omitindo partes dos fatos para que o leitor se engane.
Aqui no Brasil jornais, revistas e etc. não tomam partido tão claramente como nos Estados Unidos, por exemplo, onde cada canal de TV apóia um partido político publicamente. Aqui, na verdade, é contra a lei. Em época de eleição, se um candidato falar por 1 minuto em um programa, todos os outros tem o mesmo direito.
Como podemos, então, trabalhar com a realidade sem ficarmos presos ao lado "empresa" do jornal?
Uma solução encontrada foi o ProPublica, uma organização sem fins lucrativos em que jornalistas investigativos escrevem sobre assuntos que interessam ao público. Por não ser ligado à uma empresa, o ProPublica tem como "usar" a verdadeira objetividade jornalística.

Acessem o site. Naveguem por ele. Logo notarão o quanto as matérias que não são ligadas a nenhuma instituição, são diferentes de se ler.


Objetividade Jornalística I

Como foi discutido em sala de aula sobre a objetividade jornalística, tenho uma pequena sequência de posts sobre o assunto.

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O que dizer de objetividade jornalística? Ela existe?

Existe uma divergência de pensamentos sobre o assunto. Afinal, nós jornalistas trabalhamos com, nada menos, que a realidade. Nosso trabalho é fundamentalmente transmiti-la à sociedade da melhor maneira possível.
Mas como fazer isso sem ter a interpretação do jornalista? Ou sem a influência do meio burocrático em que o jornal se encontra?
É difícil responder à essas perguntas.
Em relação à primeira podemos dizer que aprendemos desde o primeiro período da faculdade a escrever os fatos e colocar a voz "na boca do outro", nunca na do jornalista, pois assim não terá a sua opinião na matéria. Por isso que valorizamos tanto nossas fontes, elas são a voz. 
Além disso existe a "apuração", um passo tão importante quanto o uso de fontes. Não adianta citarmos falas se não apuramos quem são e por que são importantes para aquela matéria.
Mas, mesmo assim, a construção do texto pode ser um tipo de interpretação. Afinal o jornalista que escolheu escrever daquela maneira, hierarquizar os fatos daquele jeito e etc.
Podemos encontrar matérias sobre o mesmo assunto, com os mesmos fatos, mas escritas de maneiras diferentes e que podem dar uma interpretação diferente para o leitor.
Cada jornal tem o seu tipo de texto e cada jornalista a sua maneira de escrever. Podemos ver a diferença clara nessas duas matérias: uma do G1 e outra do Estadão (clicar nos nomes para exibir as matérias). As duas falam sobre a morte do ex-diretor do New York Times, mas cada uma aborda o fato de uma maneira.

A objetividade jornalística está nos fatos. Nós temos que os apresentar à sociedade. E, assim, cada leitor deve interpretar de sua maneira o que o jornalista lhe "oferece".

domingo, 16 de setembro de 2012

Suas fontes, nossas fontes

Na Terça feira, 10 de Setembro, tivemos a presença do jornalista econômico Vinícius Neder. Ele apresentou seu trabalho de Mestrado "Práticas jornalísticas e políticas públicas: Estudo dos indicadores de análise das coberturas sobre crianças e adolescentes". O que me chamou muito a atenção, dentre outras coisas, foi um dos requisitos escolhidos para a análise das matérias jornalísticas: a questão do número de fontes (entrevistados) nas matérias em questão.

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Quando tratamos de jornalismo investigativo o que não pode faltar são as fontes. Elas são a voz da nossa matéria. Quanto mais fontes mais completo será o relato, ou seja, mais visões ele terá. Isso nós aprendemos desde o primeiro dia de aula na faculdade e temos exemplos do quanto as fontes são importantes, na vida real. Um dos mais famosos é o caso Watergate nos Estados Unidos, na década de 1970.

Dois jornalistas do Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, investigaram durante muitos meses o caso Watergate que foi um assalto à sede do Comitê Nacional Democrata, no Complexo Watergate, na capital dos Estados Unidos em 1972. Eles conseguiram estabelecer as ligações entre a Casa Branca e o assalto ao edifício. Os repórteres só conseguiram todas as informações por conta de sua fonte, conhecida apenas por Garganta profunda (Deep Throat) que revelou que o presidente sabia das operações ilegais. Isso levou à renúncia do então presidente, Richard Nixon. O caso acabou virando filme, "Todos os homens do presidente".


Mais de 30 anos depois do estouro do caso, o Garganta Profunda se revelou: William Mark Felt, segundo em comando do FBI durante o governo de Nixon. Na época (2005), havia uma discussão sobre o uso de fontes anônimas nos EUA e, com essa revelação, vários jornais reduziram o uso delas em suas matérias.
Mas não tem como negar que o Garganta profunda foi a chave mestra para a resolução do caso que mudou a história americana. Felt logo lançou um livro, junto com o jornalista John O'Connor, contando sobre sua vida como a fonte que se chama "A vida do Garganta Profunda"


Uma outra discussão começou quando o livro foi lançado: afinal, alguém do FBI podia fazer isso? Felt, obviamente, achava que seu dever como cidadão estava a cima de seu dever no FBI. E como não podia fazer nada estando dentro do Bureau, ele deu as informações necessárias para que os jornalistas conseguissem desvendar para o país no que seu presidente estava envolvido.

Podemos entender o quanto nossas fontes são importantes para nossa matéria. Nesse caso, o Garganta profunda foi essencial, mas os jornalistas foram atrás de outras pessoas que trabalhavam para o governo também. Eles cruzavam as informações para chegar cada vez mais perto da verdade. 

É isso que corremos atrás sempre, a verdade.


Fontes: