segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Jornalismo e seus seguidores éticos


            Todo jornalista sempre ouve as mesmas coisas quando está começando: “Você tem que buscar a verdade”; “Apure bem os fatos antes de publicar”; “Cheque tudo, sempre”; etc. Mas frases soltas não ajudam ninguém. É preciso explicar e dar exemplos que fazem os aspirantes à carreira realmente entenderem os fundamentos do jornalismo.
            No livro “Os elementos do jornalismo” (2001), Bill Kovach e Tom Rosenstiel nos ensinam, através de histórias, os dez elementos básicos do jornalismo. Nas 293 páginas (versão em português) não só jornalistas mas qualquer outra pessoa entende a mensagem.

            Os dois autores tiveram a ideia do livro a partir do grupo que formaram, autodenominado “Comitê dos jornalistas preocupados” onde eles se encontram para discutir problemas que existem mas que nem todos observam o suficiente. Por exemplo, no capítulo “Independência das Facções” eles afirmam: “O jornalismo produzido por gente com perspectivas diferentes é melhor do que qualquer outro produzido sob um ponto de vista individual.”(p.161) Essa frase resume a ideia de que o jornalismo não deve ser direcionado somente para uma camada para a população. Eles propõe a convocação de pessoas de outras áreas para diversificar as classes sociais compostas dentro de um jornal.
            Uma das histórias contada em maiores detalhes é a de Cody Shearer, usada para exemplificar o capítulo “Jornalismo como um fórum público”. No programa de talk show, Chris Matthews, apresentador, entrevistava Kathleen Willye. Ela dizia ter sido ameaçada, enquanto fazia jogging, por um homem. Chris queria que ela dissesse em rede nacional e ao vivo o nome deste homem. Ele queria que ela dissesse “Cody Shearer” e mesmo não falando exatamente esse nome, Matthews conseguiu “arrancar” de sua boca frases que praticamente relatavam Cody, ou seja, ela não disse o nome mas fez com que as pessoas tirassem suas próprias conclusões, no caso, uma conclusão: foi Cody quem ameaçou Kathleen. Logo depois do fim do programa, Shearer também foi ameaçado, mas de morte. Conclusão: a opinião pública virou a notícia e não a notícia gerou opinião pública.
            Outro exemplo, relacionado a este, é o de Larry Klayman no programa de tv “Crossfire”. Ele e os apresentadores Bill Press e Robert Novak entraram em uma discussão tremenda no programa ao vivo por causa do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Larry afirmava que o presidente, na época, deveria receber o impeachment. O por que não é tão importante para o livro. O verdadeiro propósito é exemplificar como uma conversa para ajudar o público a entender um assunto torna-se um verdadeiro escândalo em rede nacional. Os três devem ter ficado bem envergonhados quando reviram o episódio, pois suas opiniões foram expressadas tão fortemente que suas imagens ficaram danificadas. “Existe uma diferença entre um fórum público e uma bagunça barulhenta(...)”(p.213)
            Através desses contos factuais, os autores conectam com o leitor prendendo a atenção deste até o final. Mesmo se repetindo algumas vezes durante os capítulos, a mensagem é passada muito bem. Os dez elementos são importantes para entender como funciona a ética jornalística, afinal não tem como não pensar na ética. Quando escrevemos uma notícia, por exemplo, por mais que tentemos ser neutros não dá. A neutralidade, como é dito no livro, é na verdade objetividade. A nossa opinião sempre aparece em nossos textos por mais sútil que seja.
            Por causa de uma reunião de jornalistas, Bill Kovach e Tom Rosenstiel construíram um guia atual sobre a profissão. No meio de discussões entre os jornalistas presentes no grupo saíram grandes ideias para formar um livro onde, por mais que sejam baseadas em problemas no jornalismo americano, servem para qualquer país. Os problemas estão presentes em qualquer jornal, mas nunca pensaram em como resolvê-los. Como dizem os autores: “Qualquer um pode ser jornalista, mas nem todos são.”(p.151)

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